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Entenda o fenômeno da friagem na Amazônia Ocidental e conheça os recordes de temperaturas já registrados.

O fenômeno da “friagem” consiste no declínio acentuado da temperatura do ar, durante o período do inverno, em grande parte da Amazônia Ocidental.
A causa é a incursão de ar muito frio, de origem polar, impulsionado pelas altas pressões atmosféricas que se formam, a partir da região da Antártida, e que penetra na América do Sul, tanto pelo oceano Atlântico como pelo oceano Pacífico. Quando essa massa de ar gelado entra no corredor de terras baixas que se estende da Patagônia argentina até a Amazônia Ocidental é impulsionada pela formação de novo centro de alta pressão localizado, geralmente, na Argentina, mas que pode, também, ser formado, no Uruguai, no sul do Brasil ou, até mesmo, no Paraguai.
A partir dessas posições, o ar frio começa a se deslocar rapidamente formando os fortes ventos que sopram do sul e que percorrem as terras baixas desses países e, na sequência, cruzam a Bolívia para, daí sim, atingirem, o Acre, Rondônia e Amazonas. Esses ventos têm como barreiras laterais e, por isso, não se dispersam, a cordilheira dos Andes, a oeste, e o planalto Brasileiro, a leste, até próximo de Porto Velho. Assim, eles sofrem um desvio para oeste e, por esse motivo, quando atingem o Acre, sopram da direção sudeste.
As temperaturas declinam brusca e acentuadamente podendo cair mais de 20ºC, em menos de 24 horas.
Quando a pressão atmosférica é muito alta, esses ventos frios conseguem cruzar a linha do Equador e atingir o sul da Venezuela. No Brasil, podem baixar a temperatura, inclusive de Manaus e do sul de Roraima.
No Acre, a menor temperatura registrada, oficialmente, foi 5,9ºC, no dia 19 de agosto de 1975, porém, devido aos ventos fortíssimos que sopravam, a sensação térmica era em torno de 8 graus abaixo de zero.. Nessa ocasião, a “friagem” teve a duração de duas semanas ininterruptas, sem que o sol aparecesse, com muito frio. Nesses dias, a temperatura máxima não ultrapassou 11ºC.
No período compreendido entre 1980 e os dias atuais, Rio Branco registrou, em 12 ocasiões, temperaturas inferiores a 8ºC, nos meses de junho, julho e agosto.
No entanto, antes da instalação da estação meteorológica oficial, ocorreram temperaturas de 0ºC e, até, negativas, em Rio Branco, tendo em vista que já houve formação de geada e congelamento da água, fenômeno que só ocorre quando a temperatura atinge esse valor, nas condições em que a altitude é próxima do mar. A capital acreana tem altitude média de 160 metros, ou seja, próxima ao nível do mar, o que altera, apenas, em décimos o ponto de congelamento da água.
A cidade acreana de Brasileia é a que registra as menores temperaturas, quando da chegada de “friagens”, geralmente, em torno de 2 ou 3ºC, inferiores as da capital.
À medida que os ventos avançam para o norte, as temperaturas mínimas vão aumentando, devido a tropicalização do ar frio.
Resta esclarecer que nem toda frente fria causa “friagem”. A maioria das frentes frias, apenas, amenizam o calor, no Acre e nas regiões vizinhas

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